Questões de Fé e Crença: ciência e tragédia.
- Marcos Nicolini
- Jul 10, 2022
- 12 min read
Para se fazer uma boa ciência devemos tanto usar a máxima “ceteris paribus” quanto a modelagem heurística.

Se minha estratégia deu certo, 85% das pessoas que iniciaram a ler este meu escrito, já o abandonaram. Caso menos de sete pessoas iniciaram a leitura, posso continuar tranquilo que agora caminho só e dou-me a permissão de falar qualquer coisa sem medo de bullying, desconstrução, lacração, etc.
Tenho um medo danado de gente que me manda e.mails anônimos com ameaças comuno-fascistas vociferando ameaças e predestinando meu fim trágico. Quando leio estas cartas-bombas penso mesmo em mudar de identidade, atividade e país...quisera eu poder mudar de tempo e ir para o futuro, aquele que os progressistas e os neoliberais nos projetam em que há promessas maravilhosas, onde haja paz, igualdade de acesso aos bens comuns, liberdade suprema, justiça plena, etc. Suspiro aliviado com as promessas escatológicas secularizadas adotadas pelas ideologias materialistas. Enquanto isto não ocorre, ou seja, as promessas de um mundo sem males, mutatis mutandis, viagens no tempo, voltemos à boa e velha ciência: eu e os 15% de 15% que ainda restaram por aqui (o que exigiria que pelo menos 45 pessoas tivessem iniciado a leitura).
A metodologia científica apresentada acima requer pelo menos dois elementos, já expostos: ceteris paribus e modelagem heurística. Contudo, como diria o grande filósofo Jack Ripper, “vamos por partes”. Este Filósofo tem exercido grande influência nas redes sociais e nos departamentos universitários, mormente nas Ciências Humanas, Letras e Filosofia, Brasil adentro. Primeiramente devemos estar em meio a uma experiência de diferenciação, como diria o poeta, “amor sempre é à primeira vista”. Em um mundo cinza, a ciência, como o amor, passa, diria mesmo que exige, que algo reluza colorido. Não é preciso que as cores sejam lindas, podem ser lúgubres, funestas, horripilantes, desgostosas, etc., desde que se diferenciem da cinzenta paisagem do igual. O igual é o inferno. Tal qual nos campos de extermínio nazistas e comunistas, não importa se você é Einstein ou Nicolini, se foi lacrado como burguês ou judeu, vai ser destruído igualmente, quando e se for pego pelas garras do monstro narcisista. Então, a ciência é um tipo de amor em que no inferno da igualdade cinza se destaca uma cor, uma diferença.
Para fazermos justiça, devemos dizer que o inferno não tem a cor cinza, mas Vermelha: o vermelho do Nazismo e do Comunismo, do PT e do Partido Republicano. Ouse não ser Vermelho e lhe esfaquearão ou lhe jogarão bosta na cabeça a partir de um drone.
Cabe uma solicitação. Reclamaria a alguém que pudesse me apresentar uma metodologia científica que não passasse pela diferenciação, em retirar do campo da igualdade um elemento desigual. Mesmo a mais arcaica experiência da magia e o concomitante conhecimento do mundo passa por diferenciar os elementos cotidianos dos que são extra-humano, mágicos. Enfim, a igualdade passa por tornar o mundo medíocre, infernal, sem movimento, sem conhecimento, enquanto a diferenciação reintroduz o arco-íris no céu. Pelo pouco que sei Bacon, Descartes, Hegel, os lógicos, os hermeneutas e mesmo os progressistas, assim como os utópicos e os ideólogos partem da diferença para obter conhecimento.
Vamos então dizer que a diferença é aquele momento, aquele evento do susto produtivo, da possibilidade de se perceber algo além do espelho reprodutivo do igual e deslocar a existência humana numa experiência transformadora. Neste evento de diferenciação a coisa aparece, melhor ainda, se destaca de maneira confusa, como quando Paulo, o apóstolo, cai do cavalo e pergunta: “quem és Tu, Senhor?!”.
Neste ponto de minha elaboração pretendo diferenciar dois caminhos para a produção do saber: o caminho da causalidade fundamental e o caminho da correlação reflexiva, o caminho da crença da verdade que refuta a falsidade e o caminho limitação autofundada, o caminho fundamental e o caminho coerentista. Não vou gastar muito verbo para falar deste assunto, pois é longo e eu sei pouco sobre o assunto. Vamos chamar a primeira maneira de Progressismo Epistemológico, aquele que parte de uma falsa consciência, da falsidade e se dirige à Verdade, inexorável, aquele adotado pela Teoria Crítica (parece-me). Obedeceria ao seguinte esquema funcional, causal:

Digamos, seguindo Paul Ricouer (Críticas às ideologias, in Interpretação e Ideologias, pag 101, embora o esquema seja meu, vem inspiração no texto do referido autor). Este esquema difere pouco, em linhas gerais, do Neoplatonismo e do Gnosticismo Cristão, então, podemos sugerir que faz parte da ideologia cristã secularizada. Lembro-me das Eneadas quando Plotino nos diz que conhecer é como estando sujo tomar banho, isto é, mover-se de um estado não essencial de sujidade a fim de alcançar a essência do ser, que é a Verdade. Então, a Teoria Crítica nada mais seria do que a Falsa Consciência de uma fundamentação ideológica religiosas por um pensamento que se diz materialista.
O segundo modelo epistemológico seria aquele que ousaria chamar de correlação reflexiva. Este modelo abandona a causação matemática que trabalha com fé na Verdade fundamental, esta que pode contrapor e vencer a falsidade (da e na consciência). O modelo correlacional trabalha muito mais com crenças do que coma fé. A crença é probabilística, enquanto a fé é certeza. O modelo causal é fundado em certezas metafisicas, enquanto o modelo correlacional não tem fundamento e nem certeza, mas reporta-se a probabilidades e reto-alimentação, feed-back. Podemos apresentar este modelo graficamente, como segue:

Também este esquema gráfico se inspira na leitura que estou a fazer de Interpretação e ideologias de Paul Ricouer, enquanto não se encontra desta maneira no referido autor. No esquema acima destacamos a diferença entre linearidade do modelo causal contra a circularidade hermenêutica do modelo correlacional; segundo destaque é a complexificação do modelo correlacional reflexivo em relação ao modelo causal linear; terceiro é a ausência de elementos falsos e verdadeiros no segundo modelo, enquanto o modelo linear causal tem pretensão teleológica, isto é, intencionalmente dirigido à verdade; quinta diferença: a diferença entre ilimitação da razão linear causal que se arroga identificar com a Verdade, enquanto a racionalidade correlacional circular assume o limite.
Aqui podemos fazer sobressair o sujeito que está presente no modelo causal, como aquele que migra da falsa consciência para a identidade com a Verdade e ali se estabiliza. Enquanto o sujeito da circularidade reflexiva está sempre em movimento. Destacamos o triângulo formado por s1-s2-d. S1 mede a posição do sujeito anteriormente ao movimento reflexivo; s2 mede a posição do sujeito após o fechamento do círculo hermenêutico; d mede o deslocamento do sujeito desde sua posição s1 para a s2, na produção de um saber precário e temporal.
Uma sexta diferença entre os modelos causal-linear e o correlacional-reflexivo está no fato que o primeiro, prenhe de uma verdade fundamental tem fé no abandono (veja que não falei em possibilidade de abandono, que se referiria à crença, mas à certeza no abandono) da falsa consciência e na identificação com a Verdade, portanto, suplantando e abandonando a Ideologia. No modelo causal o sujeito estará livre da falsidade, da ideologia. No entanto, no modelo de correlação reflexiva parte-se de uma situação referenciada em determinada ideologia, faz-se a crítica à ideologia e produz-se um saber que tem referência sabida em determinada ideologia. A ideologia não é suplantada e abandonada, mas retificada e ratificada.
Cabe ressaltar que o modelo causal linear que se remete ao Neoplatonismo e ao Gnosticismo, também nos permite pensar que faz o mesmo em relação a certo cristianismo, quando nos lembramos das palavras de Jesus, quando diz: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. A verdade possibilita que abandonemos o inferno da falsidade e movamo-nos para o paraíso do saber verdadeiro, sem ideologias. Verdade causal que se fundaria em uma Metafísica. Este modelo que suportaria a dialética positiva e negativa do marxismo e da teoria crítica, nada mais é do que uma ideologia que é suportada pela fé religiosa, enquanto diz combater, ainda que, de fato, se nutra dela. Este modelo pretende conduzir o indivíduo de uma consciência falsa para o inferno do igual, posto que a verdade é unívoca, idêntica a si e invariável.
O problema da causalidade linear toma vulto quanto deparamos com a crítica à Metafísica que se faz a partir do século XIX. Como pode sobreviver um modelo que se funda muna Metafísica quando a Metafísica sucumbiu? Como se pode mover pela e para a verdade quando a própria crítica fez sucumbir a verdade, isto é, a verdade se trata apenas de jogos de linguagem, de narrativas uteis ou coerentes? Um bom exemplo é o texto do Alain Badiou, Para uma Nova Teoria do Sujeito.
Sem que entremos em detalhes espinhosos, precisamos elucidar o embate entre a assunção de obsolescência do modelo causal linear e a tentativa arriscada de atualizar o mito. Badiou que oscila entre o marxismo, as matemáticas e a experiência religiosa secularizada enfrenta a crise da Metafísica e a desfundamentação da causalidade linear própria da epistemologia que propõe o movimento de saída da falsa consciência para a Verdade de uma sociedade salva do capitalismo burguês.
A via das matemáticas se referencia no Teorema de Gödel. O que é o Teorema de Gödel? Francamente? Não tenho a menor ideia, mas suspeito que diz o seguinte: um conjunto de proposições em uma dada linguagem ou é inconsistente e completo, ou é consistente e incompleto. O que isto quer dizer? Imaginemos um conjunto de proposições, P1, P2, P3...Pn-1. Elas ou mantém a coerência entre elas, embora não consigam totalizar o problema e solucionar a questão, ou obtém-se a totalidade das questões concernentes ao problema, mas as proposições se contradizem. Isto significa que um conjunto de proposições coerentes apenas podem operar como totalidade se e somente se adotarmos uma proposição ad hoc, em termos populares, tirado da cartola. Adota-se uma premissa baysiana, isto é, assume-se uma proposição por meio de fé. Aqui entra o elemento religioso na Teoria do Sujeito de Badiou.
Inspirado em Paulo, o apóstolo, em sua queda do cavalo (que já fizemos mensão e que permitiu a este filósofo escrever seu São Paulo), Badiou saca sua proposição Ad Hoc na ideia de evento. Um evento é um transcendental imanente, um fato, uma ocorrência, uma Gestalt, que faz fechar a totalidade das proposições. Um evento não é resultante ou composto nas e pelas proposições, antes, é assumido para fechar o conjunto das proposições e lhe dar legitimidade. É um postulado de fé e não de razão. Está para além da racionalidade das proposições. Uma vez assumida esta proposição, este mythos, este “assim é”, então tudo o mais se torna coerente e completo. O evento e seu conteúdo é a proposição Ad Hoc que permite que a causalidade linear que conduz o sujeito da falsa consciência até a verdade salvadora do marxismo de Badiou funcionar, num esquema causal sem ruídos. Mas antes há de se ter um ato de fé, que nos lembra Santo Agostinho: há de se ter fé para saber. A fé eventual não se contrapõe ao saber verdadeiro, mas é o que conduz e abre ao caminho único, inexorável e total para a salvação.
O modelo causal linear exposto acima não comporta uma contradição no sentido hegeliano do termo, ou seja, um termo negativo que permitirá com o componente positivo uma síntese como negação da negação. Não se trata desta forma de contradição que promove o movimento dialético. O que o modelo causal linear progressista advoga é a falsidade, isto é, a admissão de um elemento falso, segundo suas verdades internas (materialismo e cientificidade), a saber da fé religiosa em um argumento Ad Hoc. Admite-se um elemento Ad Hoc, a fé numa proposição transcendente, eventual, a fim de completar sem romper a coerência.
Então, depois desta longa digressão, podemos nos lembrar e tentar elucidar o ceteris paribus, ou seja, mantida todas as demais condições inalteradas e isolando uma faceta do problema, podemos analisar o fenômeno que o envolve. Imagine que queremos dimensionar um aparelho de ar condicionado para um determinado ambiente, então diremos: se as paredes forem padrão, se as condições climáticas externas forem as conhecidas, se a voltagem e amperagem forem tais e quais, se...então o aparelho ideal deve variar com o volume que ele resfriará. A ciência causal reduz as variáveis a um conjunto mínimo imaginando que as demais variáveis estarão estáveis, imutáveis: ceteris paribus.
Ceteris paribus é, em outros termos, descomplexificar a realidade a fim de se poder produzir saberes possíveis. O ceteris paribus já contempla a incompletude e faz dela elemento constitutivo. No caso do Ad Hoc é uma anexação de uma proposição que vai além da compreensão simplificadora, antes, é salvar o fenômeno, introduzir um elemento estranho trazido desde fora do sistema de proposições e que permite não apenas a coerência interna, como a completude de um sistema inconsistente a partir da fé. É por conta da incompletude que todo sistema de proposições se torna falseável, pois é coerente, embora incompleto. O que Badiou tentou foi salvar o modelo causal linear por um elemento estranho a ele: no materialismo se introduziu a fé, a certeza possível apenas pela e na religião.
Podemos, então, retornar ao outro modelo, da circularidade reflexiva. Não deixemos de tomar referência no Teorema de Incompletude de Gödel. O Teorema de Gödel nos fala que um sistema de proposições ou é coerente e incompleto, portanto, falseável, ou é completo e incoerente, e como no caso da causalidade linear do materialismo de Badiou, exige uma fé religiosa para suportar seu marxismo. Sabemos que o marxismo é uma escatologia secularizada desde sua origem, nos escritos de Marx, e agora podemos constatar que sua manutenção exige mais uma vez o fundamento religioso.
Abandonemos, então, a completude e adotemos a coerência. Abandonar a completude implica em abandonar a Verdade como fundamento e objetivo, não apenas como um desligamento, mas como um projeto. Teremos, assim, um sistema de proposições que não se radicam, não se ancoram em qualquer ponto sólido. Lembremos aqui do esquema gráfico que apresentamos acima em que a circularidade procurava fechar-se em si e não abrir referências externas. Se o sistema causal linear partia da falsidade e tinha como sentido a verdade, um sujeito da Verdade, o sistema correlacional reflexivo parte da pré-cognição, pelo espanto, pela crítica, etc. e retorna à pré-cognição. Promove um movimento de descentramento do sujeito de um estado ideológico a outro estado ideológico.
Como propõe Franca D’Agostini em Lógica do Niilismo, a hermenêutica (cognição circular reflexiva por excelência) é, por conta deste fechamento e da ausência de verdade, niilista. Para esta filósofa da lógica, o niilismo se caracteriza pelo projeto de eliminação da Verdade e pelo relativismo epistemológico. Não se critica a ideologia para se fundar em outra ideologia, mas a crítica é estrutural, pois critica-se a ideologia a fim de desconstruí-la, sabendo que será reposta em nova ideologia a qual deve ser desfeita igualmente. Assim, este modelo de cognição é negativo, não comportando quaisquer significados, sentidos positivos.
A hermenêutica legitima seu modelo cognitivo não a partir da verdade, mas pela coerência interna das proposições, pela narrativa. Uma vez que a coerência interna sempre se desfaz posto ser falseável, a hermenêutica lança mão da reflexibilidade crítica, isto é, faz funcionar um esquema de retorno ao lugar de origem, mas por meio de um sujeito descentrado. Como diria Jean Baudrillard, um sujeito que gira em torno de nada, nihil. Um sujeito niilista, sujeito-nada. Não estamos mais diante da possibilidade de qualquer identificação entre fatos e descrições, mas agora vemo-nos confrontados com o lugar da fala e a narrativa coerente com um projeto de sujeito vazio, um sujeito sem conteúdo.
Se antes estávamos diante de um projeto de ciência que pretendia a Verdade a ser obtida pela via causal, lógica formal, mas que nega sua cientificidade ao lançar mão de artifícios estranhos que exigem, antes da comprovação racional, adesão de fé, agora estamos diante de um projeto que reconhecendo a impossibilidade da completude, adota formalmente a coerência contra a Verdade, a narrativa contra os fatos, a intencionalidade ficcional dos produtores privilegiados de revisões. O projeto revisionista orwelliano ganha status de intelectualidade com a hermenêutica, com o modelo circular reflexivo.
A hermenêutica parte da crença (aqui não mais estamos diante da fé, a qual é certeza, enquanto a crença é possibilidade, probabilidade) de que o humano é um aberto, uma matéria prima disforme que ganha forma pelas mãos do criador de obra. A obra é o texto; a obra do hermeneuta é produzir formas, criticar as formas e recriar formas. Aqui peço licença para citar Ricouer: “[...] obra revela a natureza dessas novas categorias: são categorias da produção e do trabalho. Impor uma forma à matéria, submeter a produção a gêneros, enfim, produzir um indivíduo {...] A este respeito,não há oposição entre o trabalho do espírito e o trabalho manual.” (Ricouer, pgs 49-50)
Pedindo licença novamente, remeto-me à cibernética e à Inteligência Artificial para dizer que a obra é o modelo de modelagem que modela. Perguntando “o que é o humano?”, espantando-se diante deste ente que pensa, que cria, que reflete, que muda, modifica e submete, este modelo de animal que não se deixa confundir com outros animais que apenas correspondem à natureza, produzem textos, operam na modelagem do humano a fim de que o humano se torne conforme o modelo modelado. Isto não se dá sob o plano da completude e do acabamento, mas da heurística, da descomplexificação, da redução ao passível de compreensão e reprodução em linguagem científica. A isto chamamos acima de modelagem heurística: uma modelagem descompexificada que corresponda à questão “o que é o humano?”. Este modelo descomplexificado, modelo heurístico, passa a servir como modelo do humano. Parte-se do humano como modelo para impor ao humano um modelo de humanidade.
O que creem estes modelistas? Que o modelo se comportará como o modelo circular reflexivo, produzindo descentramento permanente e que distanciará o humano de sua humanidade até que não mais reconheça em si do futuro aquele em si do passado. Não se trata de mover-se para um ideal ou uma Verdade, mas trata-se de se mover segundo ajustes constantes na modelagem heurística a fim de ajustar-se às demandas de uma coerência entre modelado e modelo. Se aqui tem algum cheiro de estruturalismo, no qual a língua fala da língua, devemos nos afastar disto. A modelagem corresponde a requisições internas do sistema, ou seja: eficiência, produtividade, qualidade, flexibilidade tecnológica, etc. A modelagem corresponde às demandas tecno-científicas.
A modelagem trata de se corresponder à uma boa ciência. A boa ciência exige o abandono dos modelos absolutos cuja vigência foi até finas do século XX, ou seja, os modelos causais lineares da antiga ciência newtoniana. Uma boa ciência não apenas abandonou este modelo, como colocou a filosofia em um outro modelo: hermenêutico, reflexivo. Suas bases não são a fé, a causalidade e a Verdade, mas a crença probabilística, a reflexibilidade e a coerência interna. Não apenas a ciência e a filosofia, mas a política e a religião também se submetem a este modelo quase-inexorável, trágico.



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