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Oxímoro: fraternidade política

  • Marcos Nicolini
  • Oct 6, 2022
  • 1 min read

A Política. Ah, a política. Há política?


A política, contrariamente às narrativas falaciosas, não é o espaço da fraternidade. A fraternidade, este conceito que se faz vazio quando tomado, sequestrado pela violência política. Usa-se apenas como delimitação de fronteiras de exceção, de exclusões: apenas se é fraterno para com os iguais, com aqueles com os quais se diz idêntico.


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A política é fraterna nestes termos, na comunidade dos imunizados da infecção da diferença que coloca em risco o homogêneo. Entramos no lugar próprio da política quando exigimos a imunização da peste que coloca em risco a comunidade dos idênticos.


A política é, assim, não a dimensão e lugar da ética, do diálogo, da amizade, do encontro de diferentes que comungam com uma disposição: partilhar recursos limitados diante de desejos incontinentes.

A política é a arte da manipulação dos recursos possíveis visando a eliminação da dissonância, do dissenso. A política é a guerra por qualquer meio, mormente quando pensamos na revolução, no golpe, na ditadura (quer do proletariado, quer das elites). Ratificamos contra Foucault: a política não é a guerra por outros meios, mas a guerra total, por qualquer meio, a isto assistimos hoje.


Não há espaço, portanto, para a amizade (a não ser nos termos de Montaigne: “amigo é uma alma em dois corpos”), para a fraternidade (sequestrada pela imunização comunitária), para o encontro com o outro diferente (de uma ética), quando nos encontramos no espaço da política.

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