Numa cajadada, três corvos imaginários
- Marcos Nicolini
- Jan 15
- 3 min read
Uma provocação de quem nada entende de Economia, Política e Eficiência Social
Vou ousar algumas considerações sobre o PIX, apenas pequenas e imprecisas especulações.

Entendo que o Advogado que se meteu a ser Ministro da Economia, após ter ouvido por alguns minutos alguém falar sobre certos temas desta complexa disciplina, fez um movimento de mestre: com uma tacada apenas, aproveitando uma infraestrutura já potencialmente habilitada para tal, resolve três problemas de publicidade.
Vamos com calma.
Para entender o que é este movimento magistral, primeiramente precisamos lembrar as palavras de Eduardo Giannetti quando fala do PIB. Podemos assim parafraseá-lo: se você tem um sítio e neste tem uma nascente de água potável e você utiliza desta para diversos fins pessoais e econômicos, esta água não estará computada no PIB; contudo, se o Governo se apropria deste brotar d’água e lhe cobra algo, esta água se acrescenta ao PIB. O mesmo pode ocorrer com o motoboy que entrega pizzas, o camelô, o piscineiro de sua casa, etc. Se estes serviços ocorrem à margem da formalidade, não contribuem para o PIB, embora contribuam informalmente para a economia.
Não contribuem, pois, estes recursos passam ao largo do controle, como se fossem águas não administradas.
Aqui me lembro de uma história que, penso eu, foi apenas uma brincadeira de salão. Disseram que os italianos, em dado momento, pensaram que se eles levassem em conta serviços ao arrepio do controle, mas que abundavam na Bota, fossem considerados, o PIB italiano seria ainda superior ao da Alemanha. Serviços como o tráfico de drogas, prostituição, jogo ilegal e outros similares.
Mas o caso brasileiro é ainda mais brilhante, pois além desta economia das trocas marginais, há uma economia vibrante de serviços moralmente sem restrições.
Mas, além desta incorporação na formalidade econômica de atividades produtivas (morais ou questionáveis, pelos padrões do moralismo mais conservador) que propiciaria a elevação do PIB, diríamos, legítima, posto que tais atividades apenas não são reconhecidas, mas que ocorrem em contribuem para a eficiência da sociedade, há um outro componente estratégico importante, a saber: arrecadação.
As classes ricas, muito ricas e hiper-ricas têm modos criativos de proteger seus patrimônios econômicos, pois que vivemos não apenas numa sociedade que taxa muito o consumo e pouco a renda, além dos juros de empréstimos e cartões de crédito onerarem quem demanda recursos e não quem os tem de sobra. Por sua vez as classes médias estão no limite da capacidade de arcar com o Estado, melhor ainda, com os ocupantes de cargos públicos que manejam orçamentos vultuosos. Aos pobres com carteiras assinadas resta-lhes a extrema unção. Falta abraçar, o abraço carinhoso do Urso Pardo (pode ser Branco também, mas o Pardo traz a imagética do “qualquer um que senta naquela cadeira”), o que não contribuem para o PIB. Chamemo-los de “minha d’água no sítio”.
O PIX, e o efeito de tornar rarefeito o papel moeda, já trazia consigo a promessa de servir ao controle do Grande Irmão. Muito se falou em CPMF, mas este Imposto incomodava que movimentava muito e contribuía, relativamente, pouco. A grande sacada foi perceber que há uma enorme movimentação financeira entre aqueles que nem estão com carteira assinada e nem estão nas filas de emprego: o pessoal do tigrinho e afins.
A golpe do Ministro da Economia Advogado foi, independente do trabalho formal, ou melhor, por conta do trabalho informal, trazer estas pessoas para a orgia, para a festa de despesas do Governo. Não apenas estes PIXadores se tornam PIB como se deixam tornar Impostados.
O PIB cresce, a arrecadação cresce, o desemprego mantém-se em queda. Algo muito parecido com a UBERização da arrecadação de Contribuição Previdenciária.
Claro que o vendedor de balas e chicletes compra de alguém; o camelô compra de tantos outros; o piscineiro tem seus produtos a comprar; o entregador de pizza tem sua moto com seus custos e despesas; etc. Há uma cadeia arrecadatória que se descortinará, aumentando o PIB e a Arrecadação.
Mas há um outro movimento, além do reconhecimento econômico e tributário. É possível que a renda média do brasileiro cresça ao se reconhecer o ganho de uma parcela sem ganho. E entradas superiores aos salários médios, pois que nestas estarão inclusos os insumos e outros custos necessários às operações. A renda aparente destes será superior aos salários, implicando em elevação da renda média do brasileiro.
A especulação, ao fim, chega a um ponto: o Advogado está para marcar três pontos com um chute só: aumento do PIB, maior arrecadação e elevação da renda média do brasileiro. Claro, tudo isto uma grande ficção, uma enorme mentira. Como diz Giannetti: este tipo de PIB atua sobre o empobrecimento daqueles que sobre eles se aplica o peso do Estado.
Cruz Credo!



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