Ksénos

Ah! O estrangeiro:

ξένος,

Exotérico.

Fobia lógica desta coisa menor,

Este ser que questiona

O que sempre foi assim.

Vírus que contamina

A comunidade dos imunes.

Como defender de ti?

Barreiras!

Os muros, a língua, o desprezo

Do outro que é desprezível.

Imunizar, assim, a diferença.

Insanidade relegada para fora;

O insano expurgado da comunidade sã.

Mas…

Também a defesa há de ser

Da quebra das diferenças.

A igualdade sem fronteiras.

Berlin como projeto

A totalidade invadindo a liberdade

O estrangeiro que é irmão

Desfazendo a fronteira

partilhando a língua

Hospedado como comunidade

Abolir a diferença

Até que a igualdade absurda

Que o banal seja a ordem

Da violência infernal

Da angústia do mesmo.

Será que um dia abraçarei

Eu

Estrangeiro e peregrino

Ao meu companheiro de viagem

Sem medo da infecção

E nem com narcisístico veneno?