Em quem votar, parte 1
- Marcos Nicolini
- Oct 30, 2022
- 2 min read
Cristão pode votar em Bolsonaro?
Pode!
Mas deve?
Não. Não deve, pois não há correlação necessária entre cristianismo e direita. O voto é resultante da experiência individual histórica, das crenças e valores adotados, da consciência de si no lugar e no tempo vivido, etc. Mesclam-se as biografias, interpretações e projeções individuais e como tais pensam se mesclar com o social e o político.

Onde estaria Deus e o Cristo nisto?
Somos daqueles que dizem sim a esta afetação amorosa do Evangelho, mas somos aqueles que dizem como Paulo, “ai de mim pecador, que me inclino ao mal mesmo consciente do bem.”
Somos antítese, contradição, inclinados entre polos aparentemente opostos de ser. Por isso nossa experiência no Evangelho está impregnada, embebida, afetada por nossa humanidade, decaimento, parcialidade, desvio, somatizada, interessada, enviezada, etc.
Deus não está em nossa escolha por Bolsonaro, Cristo não nos dirige a votar em Bolsonaro. Votar em Bolsonaro resulta de nossa escolha individual e as referências e consciência do voto, das intenções e impossibilidades de manifestar Cristo nele, é que nos torna um seguidor. Como aquele pecador que batia no peito e dizia: Deus, tenha misericórdia de mim pois não consigo realizar uma experiência de vida que eu possa fizer que se identifica com Tua vontade.
Portanto votar em Bolsonaro não é um ato de fé, mas de escolha que se quer seja afetada pelo amor por Deus e de Deus.
É neste ponto que Deus se revela a nós e a partir de nós, quando acolhemos com misericórdia nossa escolha e decisão, assim como acolhemos a escolha e decisão de quem votou no outro.
O amor de Deus não se revelou a nós quando e porque éramos justos e bons, mas Deus nos amou em nosso erro e miséria.
O cristão não revela a Deus quando trata os iguais com amor e compaixão, mas quando acolhe e hospeda em si aqueles que seriam seus inimigos caso a política determinasse sua ética e ação.
Votemos não por dever, mas por amor



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