Titanic
- Marcos Nicolini
- Jan 21, 2023
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Ai estão aqueles milhares
Tratados como se o terror fitasse o espelho
Nomeados assim, por espelhamentirismo
No corte grave que a caneta faz da lei
São condenados antes de julgados
Desumanizados como carrapatos
Postos ao pó do extermínio
destituídos de RGs, CPFs, nomes e direitos
Humanos
Sem falas
Misturados aos próprios dejetos
Dejetados são pela mão impiedosa
Ímpio, inescrupuloso
Há quem nomeia o outro com seu adjetivo
E faz a noite retornar o fantasma mais malévolo
Banal
Que recolhe em seu abismo a vingança
Festejada como carnaval
Ai! Terra de dores
Que, cordial, acolhe o perverso
E dança sobre o chão rubro
De sua gente sacrificada



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