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Serpente de bronze

  • Marcos Nicolini
  • Dec 21, 2020
  • 1 min read

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O povo de Israel, em meio ao deserto.


De súbito ocorreu que serpentes passaram a atacar aqueles viajantes, aqueles nômades, aqueles escravos libertos.


Moisés socorreu-se em YHWH que lhe disse: erga no meio do arraial do povo uma serpente de bronze, todo o que for picado pelas víboras e mirar o ícone será curado.


Esta passagem inspira a produção de vacinas: daquele que nos quer matar retiramos o antídoto.


Jesus, mais tarde, lembrou-se de Moisés e disse: o Filho do homem será como a serpente de bronze erguida por Moisés no deserto: o homem como salvação para o homem, quem crer nesta verdade será salvo. Aparente materialismo.


O materialismo, porém, inverte a fórmula: se em Moisés e em Jesus a cura está na aparente morte, do agente da morte se obtém a cura, o antídoto, no materialismo a crença radical no homem, no homem como medida de todas as coisas, o sujeito como lugar da salvação está a morte.


Ergueu-se no meio do arraial um ícone falacioso e sofismático que apontando para a cura instaura a morte.


Da solidão humana diante da descrença adveio o desespero e a náusea, destas a solução que agrava o problema: ergueu-se um mito cujo nome é autarquia, autonomia, progresso e ciência, mas cujo resultado é a inoculação da morte que se expande em deserto. Do jardim adveio o deserto, do homem sua morte.

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