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Fé é ética do encontro abissal

  • Marcos Nicolini
  • Nov 27, 2022
  • 2 min read

Deus, afetação do incomensurável na mesura cuja certeza do indescritível é dada pela fé, o evento transcendente na possibilidade do imanente;

Self, o lugar sem dimensões que tanto se deixa afetar pelo mistério, pelo obscuro, pelo escondido, acolhendo a fé, quanto acolhe um eu acreditado pelo nome, cuja hipótese requer este espaço admensional, embora existente como consciência de um si-mesmo alinguístico;


Eu, o dizer de um nome outorgado em uma língua que não sendo a de si, traduz o que não se entrega à linguagem, ou seja, que não sendo de si hospeda em si um outro, tal língua é crença, é conferir crença de que tal dizer encontre o possível de um sim ou um não, ou talvez…;


O outro, que já habitava em mim na língua que me nomeia e por meio da qual creio como possibilidade imanente, agora é tu e ele (com as pluralidades do nós, vós e eles), e mesmo o ninguém além de objetos, o outro para quem prometo no dizer e avalio promessas no dito: crer ou não crer;


O não outro, objeto apropriável cuja ocultação o liberta da apropriação inexorável para a produção do bem-útil, ou, encontrar no encontro do nós com o nada a beleza de um mostrar-se sem dizer.


Cada espaço encontra e está separado do outro espaço pelo abismo, superável por um salto no escuro por meio da fé e da crença:


Entre o incomensurável e o alinguistico, a ética da fé mística que rompe os limites das dimensões espaço-tempo, acolhendo o totalmente indizível. O que não se deixa apreender pelo dimensionamento e conter-se no tempo, marcando a consciência de si num encontro impossível da fé;


entre o silêncio de um espaço de consciência e um dizer, a ética da hospitalidade que acolhe um outro reconhecível como se fora eu-mesmo, em um dar crédito ao estrangeiro que em si habita conferindo-lhe o direito do arranjo de significados no dizer. A fé que se traduz como crença e que se articula com a crença nas possibilidade de um ir além marcado por um aquém;


entre a língua e o diferente, a autenticidade e o amor de quem já fora acolhido pela fé e pela língua que crê, a amizade e o encontro com quem possibilita a experiência contingente do incontinente que o afetou: a dialética fé-crença articulada como encontro desde o incomensurável no tempo;


resta o não-outro, tomado como apreensível útil, dado para benefício de nós, o apreensível anti-útil que nos impede o benefício, e o que não se deixou ou não se deixa ser tomado pela utilidade e que não se opõe como anti-útil.

Por hora minha metafísica vulgar, infantil e naïve me trouxe até aqui. Aqui quer dizer: uma ética sem fé é maniqueísmo disfarçado de humanismo.

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