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Ao Deus recôndito

  • Marcos Nicolini
  • Dec 24, 2021
  • 2 min read

Senhor que eu não me imponha com a justiça, embora não tape meus ouvidos ao necessitado;

Senhor que eu não me confunda com a verdade, conquanto não minta;

Senhor que eu não me identifique como o bem, mas não seja o mal desejante de poder;

Senhor que eu não me proclame virtuoso, ainda que não seja perverso ao perseguir o fraco;

Senhor que eu não me apresente como santo, todavia não alheie diante da dor do outro;

Senhor que eu não me diga sábio, enquanto não aconselhe a torpeza e violência.


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Senhor faça justiça a partir de mim sem que eu o saiba jamais;

Senhor proclame a verdade em minha vida sem que eu possa apropriá-la;

Senhor semeie o bem por meio de meu cotidiano a despeito de minha consciência;

Senhor que a virtude se realize em meu fazer, ainda que não a tome por autoria;

Senhor que a minha santidade seja um bater no peito e buscar misericórdia;

Senhor que a sabedoria seja o silêncio, o aprender e o acolher.


Senhor, lembro-me sempre do homem que não sabendo que tu o conduzias na pena disse certa vez: “que eu não seja tão rico que me esqueça de ti e nem tão pobre que não blasfeme contra ti.”


Mas Senhor também me lembro de Dostoiévski quando disse “se Deus não existe, tudo é permitido”; e de Zizek que retrucou ao dizer “se Deus existe, tudo é permitido”.


Que eu não seja tão pobre de ti, oh Deus, que me permita a injustiça, a mentira, o mal, a torpeza, a distância do outro, a violência...

Que eu jamais diga “Eu Sou” e me identifique de tal modo contigo que me permita a injustiça, a mentira, o mal, a torpeza, a distância do outro, a violência.


Que eu seja surpreendido por este Emanuel irreconhecível que ousa tomar a loucura deste mundo e fazer nascer entre nós a esperança amorosa que se apreende por fé.

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